sexta-feira, 28 de agosto de 2009

pseudo-esperança

Naquele momento vazio ele tinha apenas duas escolhas em sua vida pacata. Usar a faca que estava em sua mão, tão próxima de seu peito e de seus pulsos era a escolha mais fácil naquela hora. Ele já havia perdido as esperanças e estava decidido. Apesar do medo de continuar, sabia que poderia caminhar para outro lado. Talvez se salvar, ou talvez se afundar ainda mais.

Ela. Somente uma das muitas mulheres que apareceram durante a vida para dizer besteiras melosas e se lamentar ao perdê-lo no final. Será? Desta vez tudo parecia diferente. Não iria confessar a ninguém e muito menos a si mesmo, claro, mas desta vez finalmente estava feliz em ter alguém. Conseguia pela primeira vez não pensar em como faria para se livrar de um resto que o incomodaria no dia seguinte. De mais um fardo em sua vida.

Como era possível não existir nenhum defeito? Seu beijo podia não ser um dos melhores, mas sua boca macia e no tamanho certo eram capazes de levá-lo ao delírio... Só de encostar. Os cabelos mal cuidados eram o reflexo de seu desleixo em relação à sociedade e à vida que não aceitava. Aqueles olhos castanhos cativavam qualquer um... Mas para ele, eram mais do que apenas bonitos. Eram profundos como um beco sem saída. Escuros e frios. Ela tinha a dor de quem já sofrera muito na vida. Assim como ele.

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